Área de identificação
Tipo de entidade
Forma autorizada do nome
Forma(s) paralela(s) de nome
- Panair do Brasil
- Panair
Formas normalizadas do nome de acordo com outras regras
Outra(s) forma(s) de nome
identificadores para entidades coletivas
Área de descrição
Datas de existência
Histórico
Em 22 de outubro de 1929 nascia uma empresa que viria a ser a maior companhia aérea brasileira: a Panair. Com capital americano, ela começou com o nome Nyrba do Brasil, referência à ligação entre as cidades de Nova York, Rio e Buenos Aires que seus aviões faziam.
Em 1930, a empresa Pan American absorve a Nyrba do Brasil e muda seu nome para Panair do Brasil. Neste momento, seus pilotos eram americanos e a frota se compunha sobretudo de hidroaviões, o que facilitava o atendimento às populações ribeirinhas da Amazônia, fazendo chegar a elas remédios, mantimentos e toda a correspondência.
A Panair investiu na formação de brasileiros para atuação na empresa e, em 1938, foi possível a nacionalização de seu quadro de aeronautas. Em 1941, a companhia obteve autorização do governo para a construção de aeroportos, o que foi feito nas cidades de Macapá, Belém, São Luís, Fortaleza, Natal, Recife, Maceió e Salvador, com recursos próprios. O aeroporto Santos Dumont (à época chamado de Calabouço) e o aeroporto de Parnaíba (PI) também receberam investimentos da empresa. A infraestrutura aeroviária construída pela Panair em muito contribuiu para o esforço de guerra em que o país estava envolvido.
Em 1943, o brasileiro Paulo de Oliveira Sampaio assume a presidência da empresa. No mesmo ano, o decreto 13.172 autoriza a companhia a estender as linhas para outros países latino-americanos. No mesmo ano, são criados os primeiros voos noturnos, apelidados de “Bacuraus”, o que torna a Panair, naquele momento, a maior empresa aérea do mundo em extensão de rotas domésticas.
No ano seguinte, assistimos ao início da nacionalização da empresa: 42% de suas ações passam para as mãos de cidadãos brasileiros. Em 1947, empresários brasileiros já controlam 52% da companhia. Alguns anos mais tarde, em 1952, o primeiro avião a jato chega ao país para integrar a frota da Panair (foi a segunda encomenda desse tipo no mundo). A empresa foi pioneira também na travessia do Atlântico Sul, quando em 1946, o avião modelo Constellation partiu para Londres com escalas em Recife, Dacar, Lisboa e Paris. A partir de então, a Panair do Brasil passa a voar com regularidade, também, para a Europa e Oriente Médio.
Em 1957, a Panair do Brasil adquire a Companhia Eletromecânica Celma que é adaptada para se especializar na manutenção de motores de avião. Com isso, a Panair foi pioneira na revisão de motores aeronáuticos na América Latina: fazia a manutenção dos motores para as empresas estrangeiras que atuavam na América do Sul, bem como para a Força Aérea Brasileira.
No início da década de 1960, com a entrada na sociedade dos empresários Mário Wallace Simonsen e Celso da Rocha Miranda, a companhia passa a ter 100 por cento do seu capital sob controle brasileiro. Em 1961, os jatos Douglas DC-8-33 começam a cobrir as linhas europeias e sul-americanas. O conforto e segurança desses voos fazem da Panair uma das empresas aéreas mais admiradas no mundo. Suas lojas de venda de passagens espalhadas em diversas cidades europeias faziam propaganda do Brasil e eram locais de acolhimento aos brasileiros que desejavam ter notícias do país.
Entretanto, em 1965 o governo Castelo Branco, sob o pretexto de que a dívida da empresa tornaria a empresa insolvente, cassa as linhas de voo da companhia e efetua leilão dos bens da Panair. Apesar de os sócios e empregados contestarem a falência, comprovarem que os ativos da empresa eram suficientes para quitar as dívidas e demonstrarem que a Panair não era a única empresa aérea com passivos junto ao Banco do Brasil, seus advogados não conseguiram restituir as linhas de voo da Panair. Neste mesmo ano falece Mario Wallace Simonsen.
Em 1966, o Governo Federal, pelo decreto 57.682, declara a Celma empresa de utilidade pública para fins de desapropriação pela União. No mesmo ano, é criada a Família Panair – Associação dos empregados da companhia que se encontram uma vez por ano para lembrar do tempo em que eles voavam nas asas da Panair. O último lote de bens da companhia é leiloado em 1973 e o edifício-sede no Rio é entregue ao poder público, passando a abrigar o Terceiro Comando Aéreo Nacional. Em 1979, a Família Panair celebra os 50 anos da empresa.
Finalmente, em 18 de dezembro de1984, o Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, dá ganho de causa à Panair, reconhecendo que a União tentou cobrar dívidas já pagas pela empresa. Celso Rocha Mirando falece um ano após esse acórdão que encerrava uma luta de 20 anos. Apesar de a empresa ainda existir nos dias atuais, sob a direção de Rodolfo da Rocha Miranda, desde que seus voos foram cassados ela não voltou a atuar.
Infelizmente, os três acionistas majoritários da Panair, Mário Wallace Simonsen, Celso Rocha Miranda e Paulo Sampaio (que morre em 1992), não viveram para ver a Comissão da Verdade, que em relatório final de 2014, conclui que a Panair foi liquidada de forma arbitrária pela ditadura militar, por motivos políticos e não financeiros. Entretanto, a Família Panair pôde assistir a mais um voo da empresa, desta vez no Museu Histórico Nacional que em 2017 acolheu em seu acervo a Coleção Panair e, dois anos depois, em 2019, abriu ao público em suas galerias a exposição “Nas asas da Panair”.
Em 27 de setembro de 2023, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania aprovou o pedido de anistia post-mortem de Celso da Rocha Miranda, acionista majoritário da Panair do Brasil.